Capítulo 07–Tempestade
Antes
de irem embora, tomaram mais uma caipirinha. Na verdade, Nick não tomou outra.
Alertado pelo garçom sobre a Lei Seca vigente no Brasil, Nick tomou apenas uma
dose – o que já geraria problemas para ele se fosse parado em uma blitz – e as
outras eram apenas suco de limão, que aparentavam e muito com a bebida
alcoólica que Selly adorou.
Nick
pagou a conta e eles foram para o estacionamento. O céu, antes estrelado,
estava coberto por várias nuvens carregadas.
- Nick,
será que vai chover? – perguntou Selly, já bastante afetada pela bebida.
-
Não antes de chegarmos ao hotel.
-
Tem certeza? – duvidou ela ao olhar para o céu.
-
É claro. Siga o mestre.
Minutos
depois, Nick e Selly estavam presos em um engarrafamento provocado por uma
enchente, que, por sua vez, foi provocada pela chuva. Chuva esta que, segundo
“o mestre”, não deveria cair antes que eles chegassem ao hotel.
-
Você não disse que não ia chover? – reclamou Selly.
-
Os mestres também são humanos e se enganam.
-
Os mestres eu não sei, mas você com certeza se engana frequentemente.
-
Que foi? Quer que eu me desculpe pela chuva?
-
Eu não estava falando da chuva.
-
Do que então?
-
Do nosso casamento. Se é que isso pode ser chamado de casamento.
-
Você acha que nosso casamento foi um erro?
-
Se não tivesse sido, não estaríamos procurando pelo Cupido para que ele possa
comprovar que estávamos bêbados e, assim, conseguirmos anular nosso casamento.
- Eu
me casaria com você de novo, agora.
-
Você pode estar menos embriagado, mas ainda assim você bebeu.
-
Não. – disse, acariciando o rosto de Selly. – Nós bebemos. Mas eu sinto a mesma
coisa que senti quando acordei. E prometo que não bebi nada durante a noite
passada.
-
Bem... Tá calor aqui, não é? – desviou do assunto, assim como se desviou de Nick
– Esse é o botão do ar-condicionado?
-
Não Selly! Esse é o do...
E
o teto-solar abriu. “Solar” não é o termo apropriado para o momento, já que a
chuva ainda caia, molhando os dois.
Nick
fechou rapidamente o “teto-pluvial”, mas a chuva caiu por tempo suficiente para
desmanchar o penteado de Selly. Nick, delicadamente, livrou o rosto de Selly de
uma mecha de cabelo, que colocou para trás da orelha dela.
-
Desculpa, - disse ela ao sentir a mão de Nick em sua nuca – mas eu preciso
fazer uma coisa.
Selly
deu um breve selinho em Nick, que aproveitando a localização de sua mão, puxou Selly
para junto de si e a beijou, digamos, de verdade. Beijo esse que não foi
interrompido pela necessidade de ar que ambos sentiram, mas sim pelo coral de
buzinas que os motoristas dos carros de trás regiam. O trânsito havia sido
liberado, e eles, fingindo que nada tinha acontecido, retomaram o caminho que
os levaria ao hotel. Enquanto Nick dirigia, procurando lugares que não
danificariam o carro alugado, eles conversavam.
- Nick,
você acha seguro nos trafegarmos por essas ruas alagadas? Não seria melhor se
nós parássemos em um posto de gasolina, ou algo do tipo.
-
Do que você tem medo, Selly? – perguntou ele, tentado ignorar os pensamentos
maliciosos sobre um ponto de parada. Pensamentos que pipocavam em sua mente
desde os beijos que Selly e ele trocaram.
-
Desculpe, Capitão Coragem. Esqueci que você não tem nenhum medo.
-
Já te disse que tenho sim medo.
-
De ficar sozinho? Por quê? Quando nos separarmos, você vai se casar com sua
noiva, a Bevac... Qual é mesmo o nome de sua amada futura-esposa?
-
Anahí.
-
Não, eu digo a futura, e de verdade. Não a atual e fajuta.
- Selly,
eu não quero me separar de você. Desde que você me bateu com a revista, eu
sinto coisas que eu nunca senti antes, por ninguém. Coisas inexplicáveis. E, se
são inexplicáveis, só podem ser amor...
-
Falta muito para chegarmos? – atropelou Selly, fingindo não ter ouvido as
últimas palavras de Nick. Só mesmo estando bêbado que ele diria isso. Ou a
bêbada era ela mesmo.
-
Não. O hotel fica no próximo quarteirão.
– enfim respondeu Nick, decepcionado por não ter conseguido concluir sua
declaração. Não pode concluí-la não só porque Selly o interrompeu, ele poderia
parar o carro e obrigá-la a ouvir tudo o que ele não conseguia explicar com
fidelidade valendo-se apenas de palavras. Nick não continuou por medo de ser
rejeitado. Selly falara tantas vezes sobre um assunto que ele queria esquecer
para sempre, a separação eminente deles, que ele achava que seu sentimento não
era recíproco.
Como
estava enganado!
Minutos
depois, Nick e Selly já estavam prontos para dormir. A chuva havia passado, mas
os relâmpagos ainda reluziam no céu.
Uma
coisa que, obviamente, Nick não sabia mas logo percebeu, era que Selly morria
de medo de trovões.
-
O que foi Selly? Algum problema?
-
Além de parecer que o céu vai cair sobre nossas cabeças? Não, nenhum. –
ironizou ela, encolhida no meio da cama.
-
Você tem medo de raios? – mais afirmou que perguntou ele.
-
É o que parece.
-
Trauma de infância, certo? – Selly só confirmou com a cabeça – Não se preocupe,
eu vou estar ao seu lado. Agora, vá dormir menininha. – disse ele, beijando a
testa dela.
-
Aonde você vai? – ralhou Selly, segurando Nick pelo braço e indo para a beirada
da cama.
-
Me deitar.
-
Mas você não disse que ficaria ao meu lado?
-
Disse. Mas... Na cama?
-
De que outra maneira eu vou saber que você está perto de mim?
-
E onde mais eu estaria? Na varanda, tomando chuva?
- Nick,
por favor. Só hoje.
-
Trocar um chão duro e frio por uma cama macia e confortável... Que sacrifício
eu não faço por você, hein?
Selly
soltou o braço de Nick, que se acomodou no espaço deixado por ela. Com
acanhamento, Selly se virou de costas para ele e ficou o mais longe possível.
Mas ele a puxou para perto dele e a abraçou.
-
Agora você sabe que eu estou aqui, com você, te protegendo para sempre.
-
Mas o “sempre” sempre acaba.
-
Não se nós pararmos o tempo. Ou, sendo mais realista, aproveitarmos cada
segundo juntos, antes que nosso tempo acabe. – deu uma pausa, esperando saber
se Selly concordava ou não ele. Não obteve resposta. – Mas é melhor irmos
dormir por agora, você não acha?
Com
isso, Selly concordou e se acomodou nos braços de Nick.
Ela
nunca havia se sentido tão segura.
Capítulo 08–Decepção
Selly
acordou com muita dor de cabeça, que não fora causada pela embriaguez do dia
anterior, já que ela cumpriu sua promessa e, assim como Nick, não passara da
primeira dose de caipirinha. Ficou assim porque, durante boa parte da noite,
ela ficou refletindo sobre as palavras de Nick. Pensava que, se ele não tivesse
dito aquilo por causa do álcool, ela seria a mulher mais feliz do mundo.
Afinal, passara a primeira noite junto de seu marido. Não foi como um casal em
lua de mel passaria a noite, mas o abraço de Nick, que durou a noite toda, foi
um dos melhores momentos de sua vida. Por isso perguntava-se porque não tentava
salvar seu casamento, já que tinha tanta certeza que estava indiscutivelmente
apaixonada por Nick.
Ouviu
o barulho do chuveiro ter um fim – sinal de que em breve o banheiro estaria
livre – e se levantou.
-
Já de pé, Selly? – disse Nick, secando os cabelos – Que bom. Precisamos conversar.
-
É... Depois, né? Você pede o meu café no quarto? – tentou desviar do assunto.
-
Mas você disse que não come nada quando acorda.
-
É, eu disse. Mas hoje eu acordei com uma fome...! Você pede um suco natural de
laranja, torradas e mel? – pediu, enquanto ia para o banheiro.
Ao
sair, depois de um longo banho, Selly encontrou suas torradas, mel e suco sobre
a mesinha destinada às refeições. Para não se contradizer – e principalmente
porque estava realmente com fome – ela comeu tudo o que trouxeram.
Nick
estava na varanda, com uma caneca vazia em uma mão e um livro na outra.
Ao
perceber que Selly saiu do banheiro, voltou para dentro e deixou a caneca e o
livro sobre a mesa onde antes estava o café da manhã de Selly.
-
Tudo bem? – disse Nick ao ver que Selly o encarava.
-
Tudo. E você?
-
Depende.
-
Do quê?
-
Do rumo que nossa conversa vai tomar.
-
Bem, eu tenho que...
-
Você já foi ao banheiro e já se alimentou. Nada mais é urgente e você não vai
escapar. O que eu tenho pra te falar é, no mínimo, muito sério.
-
Ok. Estou te ouvindo.
-
Ontem... Foi mágico!
-
Mágico? O quê?
-
Tudo. Dormindo abraçado a você, eu tive a melhor noite da minha vida. E os
nossos beijos foram... Incríveis. Aliás, você é incrível, meu anjo.
-
Ok. – disse, respirando fundo e se levantando – Eu sei que fui eu que te
beijei, eu que insisti pra você dormir ao meu lado. Desculpe, eu estava bêbada.
– mentiu – Aliás, nós estávamos bêbados.
-
Eu não estava bêbado quando disse que não queria me separar de você.
- Nick,
eu acho que não estou preparada para o que você vai me dizer. Se eu desmaiar, a
culpa é sua! – brincou ela, tentado mudar a conversa de rumo.
-
Se você cair, - disse, indo ao encontro dela e a abraçando pelas costas – eu
prometo que te seguro. – beijou-lhe o pescoço e começou a sussurrar em seu
ouvido – Eu te disse que nós viemos para o Rio porque o Cupido que realizou
nosso casamento está de férias aqui. Mas, na verdade, eu queria... Queria não,
eu quero te conquistar, assim como você me conquistou. Claro, não com tanta
eficiência, porque desde que você me acertou com a revista no avião, eu já...
Não tenho certeza, mas acho que eu te amo. – a essa altura, Nick podia sentir o
coração de Selly batendo muito mais forte que o normal – Ah, a quem eu quero
enganar? Eu sei que te amo.
- Eu sabia que não estava preparada –
balbuciou ela.
-
Por favor, me diz que você vai me dar uma chance de te fazer se apaixonar por
mim.
-
Eu não posso porque... – o telefone tocando interrompeu Selly, dando a ela mais
tempo para pensar – Vou atender ao telefone.
-
Estou esperando minha resposta. – sussurrou ele, dando outro beijo no pescoço
de Selly. E mesmo contrariado, ele a soltou.
Selly
se apressou para ir atender ao telefone, que estava no modo “viva-voz”.
-
Pois não? – disse ao atender o telefone.
-
Senhorita Selena?
-
Senhora! – gritou Nick, corrigindo.
-
Sim, sou eu.
-
Pediram para avisá-la que seu pedido está pronto.
-
Obrigada, eu vou buscar depois.
Mal
Selly encerrou a chamada, Nick já começou o interrogatório.
-
Eu posso saber que pedido é esse, senhora Jonas?
-
Que tal você esperar para descobrir?
-
Esperar? E a minha resposta?
-
No deck da piscina. Eu vou resolver esse probleminha e te encontro lá.
-
Mas Selly...
-
Não seja ansioso! – disse, pegando sua bolsa e indo para a porta.
Selly
revelara as fotos que ela e Nick tiraram no dia que passaram na praia.
Enquanto
esperava a finalização das fotografias, pensava na resposta que daria a Nick.
Seus pensamentos – que duraram poucos segundos – tentavam descobrir se era
realmente possível ser tão feliz, se era possível Nick amá-la como ela o amava.
As fotos ficaram prontas e, enquanto pagava, só se preocupava em formular a
resposta para Nick. Resposta esta que não seria positiva: ela não poderia dar
uma chance para Nick conquistá-la, pois já estava o amando como nunca amou
ninguém.
Ao se dirigir ao deck da piscina, onde Nick a esperava,
viu seus sonhos se despedaçarem: Nick estava abraçando outra, aparentemente com
muita alegria.
Respondendo aos Comentários:
Demizinhaaa *:
Vê se estuda da próxima vez, hein? ;) Quanto ao capítulo, obrigada! Espero que
tenha gostado dos capítulos de hoje. Até o fim do ano, ou da semana, se
preferir, posto mais. Se minha internet deixar. Beijos...
Mika': Rsrsrs Também adoro
A Dama e o Vagabundo... Espere pelos próximos capítulos... =) Beijos!
Mandi *-*: Postado Mandi!
Beijos!
Rubia lovato jonas:
Hum... algo “parecido” se aproxima...
COMO?! Continue lendo, flor! Beijos! =*
~' Thaís: Ah, bem mais fácil
ler seu nome assim, migs! =) Postado, mas acho que você vai gostar mais da
próxima... (Muahahahaha!) Beijos!
E no capítulo 09 de Love Drunk (está acabando!):
- Meu anjo, o que houve?
Por que você não foi me encontrar na piscina?
- Você estava muito bem
acompanhado, – disse, com rancor – não queria interromper.
- Do que você esta
falando, meu anjo?
- Para de me chamar assim,
eu não sou sua! – gritou, levantando-se – Se você queria se livrar de mim, por
que não disse logo? Por que ainda estamos aqui? Por que você me fez acreditar
que...? – interrompeu-se, chorando ainda mais ao lembrar que pensara que Nick a
amava.
- Selly, se você não me
contar o que você está pensando, eu não vou poder resolver essa confusão que
está na sua cabeça. Mas, seja lá o que for, eu não quero, nunca quis me livrar
de você.
Querem mais histórias?
Queridas leitoras... Creio
que já é do conhecimento de vocês que tenho um blog com as minhas amigas, o http://ruhbahdeise.blogspot.com/.
Nesses últimos meses, estamos fazendo postagens especiais, e está na minha vez.
Bom, na verdade tenho que acabar nessa semana! Mas amaria se vocês pudessem ler
“Change of Family”. Serão só quatro capítulos, e ainda faltam dois, que vou
postar até o fim da semana. Posso contar com vocês lá? *-*